Boa Vista - Projetos estruturantes

Acessibilidades externas – Considerada uma das joias do arquipélago, portadora de um enorme potencial de desenvolvimento turístico, a ilha da Boa Vista está a conhecer uma dinâmica económica invejável graças ao investimento na indústria hoteleira e no negócio das viagens turísticas. A existência de um aeroporto internacional foi identificada como condição essencial para a viabilização do desenvolvimento sustentado da ilha.

O projeto de construção do Aeroporto da Boa Vista começou a ganhar corpo em 2003 e desde cedo adotou-se o principio de aproveitamento das infra-estruturas e facilidades aeroportuárias existentes, em vez do comprometimento com um projeto aeroportuário de raiz, que é considerado muito exigente em termos de investimentos financeiros e recursos do solo. Assim, a extensão das infraestruturas do aeródromo de Rabil foi considerada como o melhor cenário de desenvolvimento a longo prazo em termos de capacidade e impacto ambiental.

Neste contexto, foi projetado e construído o Aeroporto Internacional da Boa Vista, cujo modelo se baseia num crescimento em 4 fases até ao ano 2023, em função da demanda da dinâmica da ilha.

Expansão do aeroporto

As obras da 1ª fase, no valor de 21 milhões de euros, iniciadas em Janeiro de 2005, consistiram nas seguintes acções:

  • reforço do pavimento da pista existente;
  • extensão da pista de 1.200 para 2.100 metros e alargamento de 30 para 45 metros;
  • construção de:
    • uma nova plataforma de estacionamento de aeronaves e respectivo caminho de circulação e área de manobra, com base numa aeronave crítica de referência 4D;
    • um terminal de passageiros e respectivas facilidades;
    • uma Torre de Controlo;
    • instalações para equipamentos e viaturas de combate ao incêndio, socorro e salvamento;
  • aquisição e instalação de uma estação meteorológica automática;
  • realinhamento da estrada Rabil-Sal Rei;
  • alterações na configuração da rede de segurança do perímetro aeroportuário;
  • aquisição de equipamentos aeroportuários diversos.

O Aeroporto Internacional da Boa Vista, classe 4D,  foi inaugurado a 31 de Outubro de 2007.

Acessibilidades internas – O plano de desenvolvimento turístico da Ilha da Boa Vista obriga à dotação da ilha com uma via rápida de forma a assegurar a ligação direta entre o Aeroporto e as três ZDTIs e, por outro lado, uma ligação direta entre a Vila de Sal-Rei, o Aeroporto, o Porto, Rabil e a Povoação Velha, o que permitirá descongestionar a via atual de acesso a Sal-Rei.

Previu-se, assim, a construção faseada da via estruturante da Boa Vista, estrutura, de cariz nacional, constituída por duas faixas de rodagem em cada sentido e quatro vias. O seu traçado inicia-se numa intersecção que dá acesso ao Aeroporto Internacional da Boa Vista (Interseção Aeroporto) até outra interseção, que dará acesso à Urbanização de Lacacão (Interseção Lacacão),  que será uma das maiores urbanizações jamais construídas em Cabo Verde. Foram também projetadas outras duas, que darão acesso à Povoação Velha/Morro de Areia (Interseção Povoação Velha) e a Santa Mónica (Interseção Santa Mónica).

A extensão da Via Estruturante da Boa Vista, desde o final da Interseção do Aeroporto até o início da Intersecção de Lacacão, é de 17,7 metros, distribuídos da seguinte forma:

  • TRAMO I – 5.858 metros, desde o final da intersecção do aeroporto até o inicio da intersecção de Povoação Velha;
  • TRAMO II – 6.957 metros, desde o final da interseção Povoação Velha até o inicio da interseção de Santa Mónica;
  • TRAMO III – 4.047 metros, desde o final da Interseção de Santa Mónica até o inicio da Interseção de Lacacão.

Nova viabilidade interna

A construção da primeira fase da Via Estruturante da Boa Vista foi concluída em Maio de 2011 e contemplou a construção dos TRAMOS II e III, incluindo as rotundas de Povoação Velha, Santa Mónica e Lacacão, num total de 11,8 km.

Produção, Transporte e Distribuição de Água Potável – a produção de água potável será efectuada a partir da dessalinização de água do mar mediante osmose inversa, estando prevista uma unidade dessalinizadora com capacidade de produção de 21.000 m3/dia. A água potável dessalinizada será distribuída às diferentes áreas de consumo mediante os correspondentes grupos de pressão, que alimentarão os colectores de transporte.

Agua Potável – Caudal

Máximo (m3/dia): 70.441
Médio (m3/dia): 35.405

Produção, Transporte e Distribuição de Energia – prevê-se a construção de uma única central térmica com motores de fuel oil a qual, em 2020, atingirá 62 MW de potência instalada, situada próximo de Rabil. O sistema será complementado com um parque eólico, com potência instalada de 18 MW. Destaque-se que para a satisfação das necessidades de consumo a curto, médio e longo prazos dos empreendimentos turísticos e dos residentes, bem como para a recolha e tratamento das águas residuais, a SDTIBM optou pelo engajamento de parceiros privados que resultou na constituição da empresa AEB (Águas e Energias da Boa Vista, SA) que, em 2008, aumentou para mais de cinco vezes a capacidade de produção anteriormente existente na ilha das dunas e vai incrementar a sua capacidade de produção à medida das necessidades globais de crescimento dessa ilha. Poderá ser mais tarde instalada uma outra central de produção de energia na zona sul da ilha.

ENERGIA – Potências (Mw)

Turismo: 79.26
População Geral: 19.76
Total: 98,02

Saneamento, Recolha de efluentes, Tratamento e Reutilização de águas residuais – A previsão dos volumes finais de efluentes que será necessário tratar, bem como a repartição e localização das respectivas origens, aconselha a existência de um sistema baseado em três unidades principais, com tratamento terciário – para reciclagem e aproveitamento de águas de regas – e um sistema complementar independente para apoiar a zona Norte da Ilha.

Recolha e tratamento de Resíduos sólidos – Em face dos valores estimados do volume total de resíduos gerados e a respectiva origem prevê-se como destino final a deposição dos resíduos orgânicos (indiscriminados) em aterro sanitário admitindo-se o armazenamento para subsequente reciclagem dos resíduos de papel, metálicos, vidro e plástico/embalagens. Relativamente à recolha dos resíduos sólidos preconiza-se a adopção generalizada de recolha separativa em recipientes distintos de Resíduos orgânicos, vidro, Papel, Plástico/metal/ embalagens (para posterior triagem). O processo de recolha deverá processar-se em duas etapas: uma recolha primária (da responsabilidade dos “resorts” e uma secundária (da responsabilidade do serviço público responsável), articuladas em pontos de interface. Quanto às redes e equipamentos “internos” de cada empreendimento, os POT enunciam os requisitos técnicos mínimos obrigatórios, deixando os traçados e as localizações ao critério dos promotores, a estabelecer em sede de Projecto de Ordenamento Detalhado.

Saneamento – Caudal

Máximo (m3/dia): 56.352
Médio (m3/dia): 28.324

Telecomunicações – Será dada prioridade às redes via rádio (GSM), particularmente nas primeiras fase de desenvolvimento, e instaladas condutas que permitam a inclusão, caso a caso, de redes de fibra óptica e ou cabo coaxial. O traçado seguirá o curso das vias principais, coincidindo com o traçado da rede eléctrica. As linhas de distribuição serão definidas em sede dos Planos de Ordenamento Turístico das ZDTI e dos Planos de Desenvolvimento Urbano dos aglomerados populacionais. No que respeita às redes de distribuição local, estas serão definidas em sede dos Projectos de Ordenamento Detalhado e devidamente articuladas com as respectivas opções em termos de desenho urbano.

Plano de Ordenamento da Orla Costeira – A par do Plano de Ordenamento da Orla Costeira e Maritima das ZDTI de Boa Vista desenvolvido, consideramos imprescindível produzir um documento que pudesse destacar as nossas preocupações e interesses, a diversos níveis e a diversas escalas. Inquietações essas que vao desde conceitos e ideias, zoneamento e implantação, passando pelo conteúdo e desenho em si mesmo das possíveis propostas. Ressaltando o nosso interesse na protecção da biodiversidade deste ecossistema único no mundo: bastante rico e ao mesmo tempo vulnerável e frágil.

Boa Vista tem uma superfície de 620 km2 e uma altitude máxima de 387 (Estancia). Com uma configuração quase circular, é a terceira maior ilha em termos de dimensão, e a mais próxima do continente africano. A ilha esta basicamente no centro do arquipélago a 77km a norte da ilha do Maio e a 39 km a sul da ilha do Sal.

Conforme o plano e as analiseis realizadas até à data, propomos uma serie de intervenções pontuais, que no nosso entendimento merecem especial atenção, tanto referindo intervenções únicas e pontuais, como intervenções mais estratégicas e com carácter repetitivo. Sempre objectivando urna protecção ambiental, que, consideramos como uma précondição do crescimento económico e desenvolvimento sustentável, sendo vital que prevaleça para as gerações vindouras, tornando assim a ilha numa referencia única turística e de protecção ambiental num mercado mundial cada vez mais globalizado.